Eu nunca fui um grande apaixonado pelos doces, mas gosto de alguns, especialmente de preparar. Na verdade mais de preparar do que de comer.
E não é diferente com a Panna Cotta, cuja sobremesa tenho um carinho muito especial pelas lembranças que me trazem... tanto no paladar como na memória.
Como fazia todas as manhãs, Mario Sbattuto, o Sbatto, passou em casa de bicci para "filar" um café antes de se entregar ao trabalho na padaria da famiglia.
Era época das férias escolares e estávamos falando alto logo de manhã, rindo das brincadeiras e da espirituosidade e bom humor que era característica dele quando de repente, Zia Nadia, que sempre falava pouco - ou quase nada - apontou na varanda meio sem jeito e foi puxando papo.
Olhei pro Sbatto... o Sbatto olhou pra mim...
- Che succede? Perguntei baixinho pra ele.
- Non lo so. È appassionata la zia? Perguntou admirado.
- Ma, con questa età! Pensa che è possibile?
- E perche no? Parlano che l'amore è cieco, sordo e muto. Arrematou ele.
Mas não demorou muito pra descobrirmos o que a Zia Nadia queria.
Foi chegando, afastou um pouco o longo e pesado banco de madeira rústica para que suas pernas pudessem passar para debaixo da mesa, sentou-se bem pertinho do Sbatto, puxou uma caneca, colocou metade com café, completou com leite e disse:
- Sbatto, vorrei domandare un favore?
- È certo, zia. Respondeu prontamente ele.
- È possibile preparare una panna cotta per me? Quella che solo tu puoi fare con frutti di bosco?
Eu não resisti e entrei na conversa:
- Zia, hai acquistato fertilizzanti?
- Si. Respondeu ela secamante.
- ...e quando arriverà?
- Oggi.
Aqui apresento uma versão um pouco menos rústica do que aquela preparada com colla di pesce, como ela dizia para a gelatina. Mas mesmo que fosse, ainda seria uma das rainhas dos jantares dos Deuses. É a Panna Cotta!!! Sua delicadeza, leveza e suavidade, quando bem preparada, são predicados muito difíceis de serem igualados por outra sobremesa.
Serve 6 unidades.
O pulo do Chef: A panna cotta pode ser preparada de véspera. Quando faço assim cubro os recipientes com filme plástico para não ressecar no refrigerador.
Outra dica importante é lembrar que essa sobremesa é muito delicada e as quantidades de gelatina não podem ser exageradas. Sendo assim, o processo de desenformar deve ser muito cuidadoso. O tempo de "mergulho" de cada forminha para virar num prato de sobremesa deve ser o mínimo possível, para que elas não tenham a superfície derretida. Você pode errar um pouquinho na primeira ou segunda, mas logo vai pegar o jeito.
Deixe aí abaixo sua avaliação com um simples clique.
E não é diferente com a Panna Cotta, cuja sobremesa tenho um carinho muito especial pelas lembranças que me trazem... tanto no paladar como na memória.
Como fazia todas as manhãs, Mario Sbattuto, o Sbatto, passou em casa de bicci para "filar" um café antes de se entregar ao trabalho na padaria da famiglia.
Era época das férias escolares e estávamos falando alto logo de manhã, rindo das brincadeiras e da espirituosidade e bom humor que era característica dele quando de repente, Zia Nadia, que sempre falava pouco - ou quase nada - apontou na varanda meio sem jeito e foi puxando papo.
Olhei pro Sbatto... o Sbatto olhou pra mim...
- Che succede? Perguntei baixinho pra ele.
- Non lo so. È appassionata la zia? Perguntou admirado.
- Ma, con questa età! Pensa che è possibile?
- E perche no? Parlano che l'amore è cieco, sordo e muto. Arrematou ele.
Mas não demorou muito pra descobrirmos o que a Zia Nadia queria.
Foi chegando, afastou um pouco o longo e pesado banco de madeira rústica para que suas pernas pudessem passar para debaixo da mesa, sentou-se bem pertinho do Sbatto, puxou uma caneca, colocou metade com café, completou com leite e disse:
- Sbatto, vorrei domandare un favore?
- È certo, zia. Respondeu prontamente ele.
- È possibile preparare una panna cotta per me? Quella che solo tu puoi fare con frutti di bosco?
Eu não resisti e entrei na conversa:
- Zia, hai acquistato fertilizzanti?
- Si. Respondeu ela secamante.
- ...e quando arriverà?
- Oggi.
Pronto! Tudo ficou muito claro... O seu Gennaro, entregador de sementes e adubos, estava por chegar no final da tarde e era uma paixão antiga mas nunca resolvida que a Zia Nadia tinha por ele. Não havia mais dúvidas que a Panna Cotta era necessária, tinha endereço certo e justo, pois a ocasião era mais que especial para ela! Para isso se presta a melhor das Panna Cotta!
Aqui apresento uma versão um pouco menos rústica do que aquela preparada com colla di pesce, como ela dizia para a gelatina. Mas mesmo que fosse, ainda seria uma das rainhas dos jantares dos Deuses. É a Panna Cotta!!! Sua delicadeza, leveza e suavidade, quando bem preparada, são predicados muito difíceis de serem igualados por outra sobremesa.
Andiamo alla ricetta...
100g de açúcar
Parte da calda de mirtilo (ver na sequência)
Parte da calda de mirtilo (ver na sequência)
3 colheres (de chá rasas) de gelatina em pó (8g) sem sabor
Água qb (apenas o suficiente para dissolver a gelatina)
125g de mirtilo fresco
3 colheres (de sopa) de Grappa
3 colheres (de chá) de açúcar
Gotas de limão
Manteiga para untar qb
Legenda: qb=quanto baste; Grappa=bebida alcoólica italiana destilada a partir do vinho.
■ Preparação
Eu unto as forminhas de alumínio e reservo. Dissolvo a gelatina em água fria e deixo hidratar por 5 minutos.
Enquanto isso, preparo a calda. Coloco os mirtilos numa panela, levo ao fogo e junto a grappa.
Deixo aquecer e começar a mesclar sua maravilhosa cor com o álcool. Assim que ganhou boa coloração, junto o açúcar e espero ganhar agora um pouco de corpo.
Pronto, junto gotas de limão, desligo o fogo e reservo para esfriar.
Agora vamos à panna cotta: Coloco o creme de leite numa panela, junto o açúcar e levo ao fogo baixo por 5 minutos. Cuidando para não levantar fervura, junto e dissovo bem a gelatina hidratada. Espero dissolver bem e junto agora uma parte da calda (5 ou 6 colheres de sopa sem os mirtilos). Mexo bem e está pronto para levar às forminhas.
Deixo aquecer e começar a mesclar sua maravilhosa cor com o álcool. Assim que ganhou boa coloração, junto o açúcar e espero ganhar agora um pouco de corpo.
Pronto, junto gotas de limão, desligo o fogo e reservo para esfriar.
Agora vamos à panna cotta: Coloco o creme de leite numa panela, junto o açúcar e levo ao fogo baixo por 5 minutos. Cuidando para não levantar fervura, junto e dissovo bem a gelatina hidratada. Espero dissolver bem e junto agora uma parte da calda (5 ou 6 colheres de sopa sem os mirtilos). Mexo bem e está pronto para levar às forminhas.
Divido o conteúdo nas 6 forminhas de 125 ml untadas com manteiga e levar ao refrigerador por 4 horas ou mais.
Desenformo a panna cotta somente na hora de servir, passando a lâmina de uma faca levemente aquecida em água quente ao redor da forminha com cuidado ou mergulho cada uma por um breve instante em água quente e viro rapidamente sobre o prato de servir.
O pulo do Chef: A panna cotta pode ser preparada de véspera. Quando faço assim cubro os recipientes com filme plástico para não ressecar no refrigerador.
Outra dica importante é lembrar que essa sobremesa é muito delicada e as quantidades de gelatina não podem ser exageradas. Sendo assim, o processo de desenformar deve ser muito cuidadoso. O tempo de "mergulho" de cada forminha para virar num prato de sobremesa deve ser o mínimo possível, para que elas não tenham a superfície derretida. Você pode errar um pouquinho na primeira ou segunda, mas logo vai pegar o jeito.
Deixe aí abaixo sua avaliação com um simples clique.
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